Pós-pandemia: 10 tendências de consumo para 2022

É claro que não dá para dizer que chegamos ao fim da pandemia do COVID-19. Ainda assim, a população apresenta sinais de alívio e disposição para retomar velhos hábitos com o avanço da vacinação. Mas não todos. 

Segundo o levantamento 10 tendências mundiais de consumo 2022 realizado pela Euromonitor International, algumas mudanças vieram para ficar e continuarão impactando o mercado mesmo após a passagem da crise.

Uma outra pesquisa, realizada pela Google e publicada na plataforma Think With Google, destaca as 4 principais tendências comportamentais dos consumidores pós-pandemia. 

Os dois estudos foram realizados a nível global e apresentam muitos pontos de convergência. Contrastamos alguns para que você consiga enxergar oportunidades e desafios para o seu negócio nesta nova realidade.

Nem normal, nem “novo normal”. O que vamos viver a seguir é um híbrido entre as duas realidades. Você está preparado?

1. Sempre com um plano B

A ameaça de escassez durante o ápice da pandemia aumentou a capacidade de adaptação do público, tornando-o mais suscetível a novas alternativas. Esta realidade implica em um cliente menos fiel e mais criativo na resolução de seus problemas, o que obriga as empresas a serem igualmente criativas na hora de pensar em como reter este consumidor. 

Segundo a galeria de perfis publicada na Think With Google, os Reality Reinventors (Reinventores da Realidade) são aqueles com alta capacidade de adaptação e realocação de recursos e ideias. 

Para atingi-los, recomendam-se algumas estratégias: 

  1. Customização de produtos;
  2. Cocriação;
  3. Gaming/realidade virtual;
  4. Produtos que aprimorem a rotina e a diversidade de canais que facilitem a compra.

Este consumidor precisa sentir que tem possibilidades dentro do relacionamento com a marca e que é ouvido por ela.

2. Agentes do clima

Segundo a Euromonitor, 67% dos consumidores tentaram causar algum impacto positivo para o meio ambiente por meio de suas ações em 2021 – e esperam a mesma postura das empresas. 

Esta é uma tendência que vem crescendo desde antes da pandemia e, que agora, se tornou uma constante entre as exigências do público. 

Ainda segundo a classificação de novos perfis de consumidores da Google, os Collective Activists (Ativistas Coletivos) são pessoas que acreditam na união da sociedade como caminho para transformação da realidade do planeta. Para marcas que pretendem expandir suas operações a nível global, recomenda-se a prática estratégica de ESG locais.

Ah, e não adianta ficar só no discurso, o consumidor tem acesso à informação e monitora as atividades da marca.

3. Idosos Digitais

Antes da pandemia, a chamada “Economia Prateada” vinha ganhando espaço em discussões sobre mercado e consumo. O termo corresponde ao boom no aumento da representatividade do público 60+ na movimentação econômica no Brasil e no mundo. A Pesquisa Tsunami Prateado, realizada pelas empresas Hype.60 e Pipe.Social em 2019, aponta que a melhor idade é responsável por mais de 20% do consumo realizado em todo o país.

A tendência ganhou força durante a pandemia, com a ampliação ao acesso a recursos e serviços digitais para o público maduro. Este foi um dos avanços que veio para ficar e acelerar um processo que já havia sido iniciado antes da crise.

Os maduros viajam, consomem moda, eletrônicos, namoram, dirigem, vão a eventos e a tendência é que seu poder de consumo aumente a cada ano. Empresas que segmentam produtos, serviços e a comunicação para este público já saíram na frente.

4. Aficionados Financeiros

Chegamos a era da democratização do conhecimento sobre gestão financeira – o consumidor está atento a métodos para gerir o seu dinheiro, aproveitar oportunidades, economizar e potencializar ganhos. 

Segundo a segmentação de perfis de consumidores apresentada pela Google, são chamadas de  Everyday Optimiser pessoas em busca de estabilidade e segurança financeira. 

Algumas abordagens úteis para atingir este perfil são:

  • Reutilização;
  • Otimização e experimentação;
  • Criação de clube de assinatura; 
  • Recompra programada;
  • Upcycling e revenda;
  • Expansão dos canais de vendas e formas diferenciadas de compra e acesso ao crédito.

5. A Grande Renovação da Vida

Os perigos para a saúde apresentados pela pandemia fizeram com que a vida passasse, literalmente, diante dos olhos da população. Isso coloca tudo em perspectiva e faz com que nos sintamos motivados a viver nossos valores e paixões de forma mais intensa, com foco no bem-estar.

Ainda em cruzamento com os dados do estudo da Google, determina-se que os Wellbeing Seekers (buscadores de bem-estar) são movidos por senso de valor e laços emocionais, identificação e experiências. 

Proposta de valor para este público: 

  • Desestressar, escapar, higienizar e socializar podem ser gatilhos para atrair o interesse; 
  • Produtos/serviços que remetem ao autocuidado, melhora do sono e outros aspectos do bem-estar; 
  • Este tipo de consumidor escolhe marcas que representam seus valores e seu momento. Seja autêntico e crie oportunidades de identificação.

6. O Movimento do Metaverso

A pandemia também potencializou o universo das experiências online. Das reuniões aos relacionamentos, tentamos encontrar caminhos para criar laços, trabalhar e ter momentos de lazer sem sair de casa. 

O comércio eletrônico segue em crescimento exponencial desde o início da crise e, em 2021, registrou alta em faturamento de 48,41% na comparação com 2020. Os dados são do índice MCC-ENET, desenvolvido pela Neotrust/Movimento Compre & Confie, em parceria com o Comitê de Métricas da Câmara Brasileira da Economia Digital.

A tendência é de que as experiências 100% digitais continuem ganhando espaço, pois, além da mudança de hábito do consumidor, existe a “melhoria nas capacidades de AR/VR e a redução dos custos de equipamento”, conforme consta no estudo da Euromonitor. 

Os Reality Reinventors também se enquadram neste contexto, pois são ávidos por novas experiências de compra e interação no ambiente digital. Logo, as estratégias que contemplam essa possibilidade abrem caminho para lucrar com estes novos hábitos. 

7. Antigos produtos, novos donos

Valores como economia, sustentabilidade e individualidade vêm fazendo com que o estigma com produtos de segunda mão fique no passado. 

O mercado da moda é um dos mais afetados, mas bens duráveis também pegam carona na tendência. Os produtos de segunda mão têm sido cada vez mais aceitos entre os consumidores, que se tornaram autônomos e formaram suas próprias comunidades de compra, venda e troca. 

E o que as empresas podem fazer? Rever processos de sustentabilidade em sua produção e investir em serviços para reparo, manutenção e logística, preenchendo os gaps desta modalidade de compra e venda. 
Os Collective Activists (Ativistas Coletivos) se identificam com marcas que abraçam a responsabilidade de garantir um futuro com consumo mais consciente.

8. Urbanos Rurais

Se entre as décadas de 50 e 80 observamos a aceleração do êxodo rural, durante a pandemia, o movimento inverso tomou conta de todo o mundo. O trabalho remoto possibilitou que as pessoas migrassem para o interior e para áreas mais verdes, em busca de tranquilidade, qualidade de vida e proximidade com a família. 

O consumidor quer escolher onde e como vai viver, contudo, segundo a Euromonitor, “independentemente da localização, as marcas e as empresas precisarão ajustar suas estratégias para reter esses clientes.” Diversificar pontos de venda e canais de atendimento, melhorar a logística e o serviço online devem ser atividades no radar das marcas que quiserem manter a adesão desse público. 

Este perfil também se enquadra na leitura da Google sobre os Wellbeing Seekers, o bem-estar e a qualidade no foco de cada oferta. 

9. Em busca do amor-próprio

Esta é outra tendência apontada pela Euromonitor e que contempla o perfil Wellbeing Seekers, descrito no estudo da Google. O consumidor está mais atento às demandas pessoais e a necessidade de autocuidado. 

A indústria da beleza e do bem-estar em geral é a que mais se beneficia deste comportamento, mas todos os outros segmentos podem encontrar caminhos para aderir. 

A personalização de produtos e serviços é um dos caminhos para atender a esta necessidade. Investir em tecnologia e capacitação para equipes de pós-venda e prestação de serviço pode fazer com que sua marca esteja na frente. 

O foco no cliente está no discurso das empresas há algum tempo, mas chegou a hora de torná-lo real. 

10. O paradoxo da socialização 

Esta tendência talvez seja a que mais contempla o encontro entre os hábitos de consumo que vão voltar e os que foram modificados para sempre. Confira o parágrafo do relatório da Euromonitor:

O Paradoxo da Socialização define as muitas maneiras pelas quais os consumidores estão retornando à sua rotina normal. Alguns consumidores se acostumaram com a vida no confinamento e continuarão comprando para consumir em casa. Outros ficaram Inquietos e Rebeldes durante o auge da pandemia e estão prontos para voltar a participar plenamente da sociedade. Entre essas duas preferências estão os que desejam uma nova forma de normalidade, dispostos a se aventurar em atividades selecionadas, mas ainda são cautelosos e estão preocupados com a saúde.”

A moral da história é que o novo e o velho irão coexistir e o consumidor vai demandar por flexibilidade neste sentido. Equilibrar estas demandas com as possibilidades viáveis para as empresas é o desafio da vez. 

O poder da comunicação

Entre o passado, o futuro, novas tecnologias e tendências de comportamento, um fator é comum para assegurar o sucesso das empresas. Você pode ter as melhores estratégias de adaptação, mas o público não conseguirá acessar os seus diferenciais e se conectar se você não posicionar a sua marca. 

Muitos consumidores indicam produtos e serviços sem conhecer, apenas com base na comunicação e posicionamento de uma marca. Estes esforços conectam valores e fazem com que o público se sinta representado. 

É um trabalho que leva tempo para se consolidar, mas é sempre tempo de começar!

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